Baixo-relevo representando a captura de Ngungunhane (Maputo, Moçambique). |
Mouzinho de Albuquerque (1855-1902)
Joaquim Mouzinho de Albuquerque nasce no dia 11 de Novembro
de 1855 na Quinta da Várzea, Batalha. Ingressa cedo no Colégio Militar de onde
sairá em 1878 com a patente de alferes. No ano seguinte matricula-se na
Universidade de Coimbra e casa-se com D. Maria Gaivão. É em 1886 que já como
tenente partirá para a Índia onde vai realizar a sua primeira experiência na
administração colonial. Após uma temporada a servir funções na fiscalização do
Caminho-de-ferro de Mormugão é nomeado secretário-geral do governo do Estado da
Índia. Em 1890 é promovido a capitão e transferido para Moçambique onde
desempenha o cargo de governador do distrito de Lourenço Marques até 1892,
altura em que retorna à metrópole. Dois anos depois receberá a incumbência de
subjugar os régulos revoltosos do sul de Moçambique e é neste contexto que em
1895 captura o chefe vátua Gungunhana em Chaimite no dia 28 de Dezembro de 1895.
O prestígio granjeado pelo êxito da campanha vai-lhe valer a nomeação para
governador-geral de Moçambique e a investidura como comissário régio. Em 1897
comandará ainda campanhas de ocupação territorial em Naguema, Mocutumudo e
Macontene, antes de partir para a metrópole com o intuito de obter um
empréstimo que lhe permitisse proceder a reformas e ao desenvolvimento económico
da colónia. Ao pisar Lisboa o “Herói de Chaimite” é recebido por uma população em apoteose. Enquanto
tarda o empréstimo viaja pela Alemanha, França e Inglaterra, ao que depois
retorna a Moçambique sem alcançar o seu objectivo. Quando por fim obtêm as
verbas requeridas recebe também a notícia da cessação das suas funções como
comissário régio o que o leva imediatamente a apresentar a sua demissão da
administração colonial. Assim que esta é aceite pelo Presidente do Conselho José
Luciano de Castro, volta mais uma vez a Lisboa. Perto do fim da vida
desempenhará funções que o aproximarão da família real como ajudante de campo
efectivo do Rei D. Carlos, oficial-mor da casa real e preceptor do príncipe
herdeiro Luís Filipe. É por esta altura que é montada uma campanha contra a sua
pessoa, correndo rumores do seu envolvimento intimo com a Rainha Dona Amélia.
Mouzinho de Albuquerque, homem de formação militar e feitio rígido, nunca se
conformaria ao clima de intrigas da corte que o angustiou profundamente. No dia
8 de Janeiro de 1902 tira a própria vida quando seguia a bordo de uma charrete “coupé” na Estrada das Laranjeiras. Foi sepultado no Cemitério dos Prazeres.
Ngungunhane (c. 1850-1906)
Mudungazi “Ngungunhane” (Leão de Gaza)
ou Reinaldo Frederico Gungunhana, como ficou conhecido entre os portugueses,
nasce por volta de 1850 no Império de Gaza, Moçambique, supõe-se que nas
margens do rio Limpopo. Foi chefe dos vátuas (nguni), um ramo dos zulus, que durante o reinado do seu avô
Manicusse conquistara todo o vasto território entre o rio Incomáti e a margem
esquerda do Zambeze e do Oceano Índico até ao curso superior do rio Save. O seu
pai Muzila travara uma guerra sucessória contra o irmão Maueva que vencera com
o auxílio dos portugueses. Gungunhana sobe ao trono na conjuntura da
Conferência de Berlim (1884-1885) e o seu território é cobiçado por diversas
potências europeias. É neste contexto que assina um tratado de amizade e
vassalagem com os portugueses em 1885. Em 1894, a tribo dos tsongas sublevam-se contra a autoridade
colonial portuguesa e colocam-se debaixo da protecção do régulo que se
recusa a entregá-los. Esta recusa leva o rei a enviar o seu comissário António
Enes para vergar a resistência e submeter os revoltosos à autoridade portuguesa,
saldando-se os confrontos numa derrota sangrenta dos guerreiros de Gungunhana.
Cercado, o imperador recolhe-se para a aldeia sagrada de Chaimite, onde será
capturado e aprisionado pelos homens de Mouzinho de Albuquerque. Junto com um
séquito e alguns familiares, serão transportados para Lisboa onde serão
enjaulados e exibidos em cortejo perante uma multidão. Por fim serão
transportados para o exílio na Ilha Terceira, Açores, onde Gungunhana e a sua
família viveram em cativeiro como uma curiosidade local, até a sua morte em
1906. No dia 15 de Junho de 1985, por ocasião das comemorações do primeiro decénio da independência de Moçambique, Gungunhana pode finalmente retornar à sua terra natal e os moçambicanos prestaram as exéquias solenes ao seu herói nacional e último imperador de Gaza.
Bibliografia:
ENES, António (1898). A Guerra de África em 1895, segunda edição. Edições Gama (1945).
ENES, António (1898). A Guerra de África em 1895, segunda edição. Edições Gama (1945).
http://www.fmsoares.pt/aeb/crono/biografias?registo=Mouzinho%20de%20Albuquerque
http://www.fmsoares.pt/aeb/crono/biografias?registo=Gungunhana
LAC
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