Em 1922 o Egipto torna-se formalmente independente da
Grã-Bretanha que mantém no entanto a sua influência e presença militar. Somente
em 1947 as tropas britânicas retiram para a denominada “Zona do Canal”, em
conformidade com o contrato firmado com o rei Farouk que cedia bases naquela
região até 1956. O fim deste contrato e subsequente nacionalização do Canal do Suez vai precipitar uma aventura militar anglo-franco-israelita, que veio a simbolizar o fim do primado europeu nas relações internacionais.
Coronel Gamal Nasser na capa de revista Time de 27 de Agosto de 1956 |
1952 é o ano em que o Movimento dos Oficiais Livres derruba
a monarquia e implanta um regime republicano encabeçado pelo Coronel Gamal
Abdel Nasser, um carismático nacionalista árabe com ambições de expurgar o
Egipto da influência ocidental.
Nasser demonstra uma “habilidade consumada nas políticas da
Guerra Fria” ao obter financiamento para a barragem de Aswan dos Estados Unidos
e da Grã-Bretanha ao mesmo tempo que recebe remessas de armamento da União
Soviética via Checoslováquia.
Ao se aperceberem do jogo duplo de Nasser tanto ingleses
como americanos retiram as suas ofertas de financiamento, o que vai precipitar a
decisão de Nasser de anunciar a nacionalização do Canal do Suez a 26 de Julho
de 1956.
O primeiro-ministro britânico Anthony Eden reage com afronta
ao que considera ser um ataque aos interesses estratégicos vitais do seu país e
conjuntamente com o primeiro-ministro francês Guy Mollet vai conspirar para
depor Nasser.
Nasser e o presidente norte-americano Dwight D. Eisenhower (25/07/1960) |
Escondendo as suas intenções dos norte-americanos, Eden vai
planear com franceses e israelitas a invasão do Egipto. Como combinado, a 29 de
Outubro de 1956 Israel invade o Egipto e avança até ao Canal do Suez. Fingindo “surpresa”
e “choque” ingleses e franceses emitem um ultimato em que exigem a retirada de
egípcios e israelitas da “Zona do Canal”. Na sequência da recusa, a Royal Air
Force britânica bombardeia diversos aeródromos egípcios efectivamente
neutralizando todos os meios aéreos de Nasser em poucas horas.
Num momento inédito de conformidade, tanto os Estados Unidos como
a União Soviética condenam veemente a ingerência britânica no Egipto. A 5 de
Novembro os britânicos persistem na sua investida com novo ataque, desta vez a
Porto Said.
Em vários países do mundo livre ocorriam protestos contra as
acções inglesas e é imposto um boicote económico de iniciativa norte-americana
que leva finalmente à capitulação britânica. O cessar-fogo é declarada a 6 de
Novembro de 1956 e subsequentemente as forças anglo-francesas retiram de
território egípcio.
Fonte bibliográfica:
BOYLE, Peter Gerard; "The Hungarian Revolution and the Suez Crisis" in History, Journal of the Historical Association, Volume 90 (300), pp. 550-565; Blackwell Publishing Limited, Oxford, Reino Unido (11 de Outubro de 2005).
Luís Alves Carpinteiro
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