terça-feira, 4 de junho de 2019

ESPECIAL GUERRA FRIA: CRISE DO SUEZ



Em 1922 o Egipto torna-se formalmente independente da Grã-Bretanha que mantém no entanto a sua influência e presença militar. Somente em 1947 as tropas britânicas retiram para a denominada “Zona do Canal”, em conformidade com o contrato firmado com o rei Farouk que cedia bases naquela região até 1956. O fim deste contrato e subsequente nacionalização do Canal do Suez vai precipitar uma aventura militar anglo-franco-israelita, que veio a simbolizar o fim do primado europeu nas relações internacionais.  

Coronel Gamal Nasser na capa de revista Time de 27 de Agosto de 1956

1952 é o ano em que o Movimento dos Oficiais Livres derruba a monarquia e implanta um regime republicano encabeçado pelo Coronel Gamal Abdel Nasser, um carismático nacionalista árabe com ambições de expurgar o Egipto da influência ocidental.

Nasser demonstra uma “habilidade consumada nas políticas da Guerra Fria” ao obter financiamento para a barragem de Aswan dos Estados Unidos e da Grã-Bretanha ao mesmo tempo que recebe remessas de armamento da União Soviética via Checoslováquia.

Ao se aperceberem do jogo duplo de Nasser tanto ingleses como americanos retiram as suas ofertas de financiamento, o que vai precipitar a decisão de Nasser de anunciar a nacionalização do Canal do Suez a 26 de Julho de 1956.

O primeiro-ministro britânico Anthony Eden reage com afronta ao que considera ser um ataque aos interesses estratégicos vitais do seu país e conjuntamente com o primeiro-ministro francês Guy Mollet vai conspirar para depor Nasser.

Nasser e o presidente norte-americano Dwight D. Eisenhower (25/07/1960)

Escondendo as suas intenções dos norte-americanos, Eden vai planear com franceses e israelitas a invasão do Egipto. Como combinado, a 29 de Outubro de 1956 Israel invade o Egipto e avança até ao Canal do Suez. Fingindo “surpresa” e “choque” ingleses e franceses emitem um ultimato em que exigem a retirada de egípcios e israelitas da “Zona do Canal”. Na sequência da recusa, a Royal Air Force britânica bombardeia diversos aeródromos egípcios efectivamente neutralizando todos os meios aéreos de Nasser em poucas horas.

Num momento inédito de conformidade, tanto os Estados Unidos como a União Soviética condenam veemente a ingerência britânica no Egipto. A 5 de Novembro os britânicos persistem na sua investida com novo ataque, desta vez a Porto Said.

Em vários países do mundo livre ocorriam protestos contra as acções inglesas e é imposto um boicote económico de iniciativa norte-americana que leva finalmente à capitulação britânica. O cessar-fogo é declarada a 6 de Novembro de 1956 e subsequentemente as forças anglo-francesas retiram de território egípcio.


Fonte bibliográfica:

BOYLE, Peter Gerard; "The Hungarian Revolution and the Suez Crisis" in History, Journal of the Historical Association, Volume 90 (300), pp. 550-565; Blackwell Publishing Limited, Oxford, Reino Unido (11 de Outubro de 2005).


Luís Alves Carpinteiro

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