sábado, 14 de abril de 2018

VIVA A MARIA DA FONTE!


Neste dia 14 de Abril, em 1846, irrompia na Póvoa do Lanhoso a Revolta da Maria da Fonte contra o governo de Costa Cabral. O que se iniciou como uma contestação contra o recrutamento militar e contra as novas leis que proibiam os enterros em igrejas rapidamente subiu de tom, gerando uma insurreição popular de vastas proporções que duraria cerca de dois meses. A revolta que pôs a província do Minho a ferro e fogo depressa deflagraria para o resto do reino. A disrupção causada foi de tal ordem que Dona Maria II não teve outra opção senão deixar cair o governo dos Cabrais que foi substituído brevemente por uma junta chefiada pelo Duque de Palmela. O levantamento da Maria da Fonte ficou pautado pelo seu cariz eminentemente popular e pela adesão das mulheres minhotas em grande número. A reposição de um governo cartista, na sequência de golpe palaciano, exaltaria novamente os ânimos degenerando na Guerra Civil da Patuleia (1846-1847).


Esta é ... "uma revolução diferente das outras (...) feita por gente de saco ao ombro e foice roçadora nas mãos, para destruir fazendas, assassinar, incendiar a propriedade, lançar fogo aos cartórios, reduzindo a cinzas os arquivos (...) Onde já se viu uma revolução com este carácter?" Trecho do discurso proferido por Bernardo Costa Cabral na Câmara dos Deputados, 20 de Abril 1846.


"Esta gente ... chamada à revolta sentia pulsar-lhe nas veias o antigo sangue de nómadas barbarescos, de bandidos históricos, serranos guerreiros: não os minhotos, mas os transmontanos, os beirões, os estremenhos, e toda a população transtagana" Joaquim Oliveira Martins no seu Portugal Contemporâneo, publicado em 1881.

Pintura de Alfredo Roque Gameiro, 1917.
Para a memória deste levantamento popular ficou o hino patriótico da Maria da Fonte, com composição de Angelo Frondoni e letra de Paulo Midosi, ainda hoje entoado em cerimónias oficiais e militares, que aqui vos deixo na íntegra:

Viva a Maria da Fonte
Com as pistolas na mão
Para matar os Cabrais
Que são falsos à nação

Refrão
É avante Portugueses
É avante não temer
Pela Santa Liberdade
Triunfar ou perecer (2x)

Viva a Maria da Fonte
A cavalo e sem cair
Com as pistolas à cinta
A tocar a reunir

Refrão

Lá raiou a Liberdade
Que a Nação há-de aditar
Glória ao Minho que primeiro
O seu grito fez soar

Refrão (2x)

Versão interpretada por Vitorino.

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