"I gazed upon the face of Agamemnon"Heinrich Schliemann, 1876
Máscara de Agamémnon (Museu Nacional de Arqueologia de Atenas) |
Quando em 1876 o arqueólogo alemão Heinrich Schliemann desenterrou este artefacto da Acrópole de Micenas, acreditou estar perante a máscara funerária do herói homérico Agamémnon.
Schliemann foi um pioneiro da arqueologia, proeminente pelo seu papel na fixação em Hisarlik, Turquia, para a localização provável de Tróia. Nesta viagem, na qual o alemão operou como ajudante de Frank Calvert embora tenha colhido a maioria dos louros, recuperou ainda o espólio que ficaria conhecido como o "Tesouro de Príamo". Esta expedição arqueológica e as seguintes, foram motivadas pela ambição que Schliemann nutria no seu âmago: provar a historicidade das personagens e dos eventos retratados nas obras épicas de Homero.
Na senda das pistas deixadas pelo geógrafo Pausânias, que apontou Micenas como a última morada do comandante grego da Guerra de Tróia Agamémnon, o arqueólogo dirige-se então àquela região do Peloponeso. Afirmavam os textos do antigo geógrafo que os restos mortais do rei de Micenas teriam sido depositados para além dos limites da povoação, no exterior das muralhas. Porém Schliemann reinterpreta as suas palavras e conduz a expedição ao interior da cidadela, onde inicia escavações.
Durante as semanas que se seguiram a equipa deparou-se com um complexo funerário onde foi possível identificar cinco estelas tumulares, de cujas campas adjacentes se recolheram cinco máscaras em folha de ouro, que repousavam sobre o rosto dos sepultados. Estavam igualmente dispostos ornamentos trabalhados em ouro (anéis, botões, braceletes, cálices), atestando do elevado estatuto social dos mortos, assim como um conjuntos de espadas, sugerindo que todos seriam homens e guerreiros da classe dominante. Schliemann tomou a descoberta como prova da veracidade do episódio descrito por Homero na Ilíada, o que prontamente transmitiu ao Rei Jorge da Grécia por telegrama:
Das máscaras descobertas, a denominada "Máscara de Agamémnon" mereceu mais destaque devido às suas várias características únicas: o seu volume tridimensional, as orelhas salientes, a barba detalhada ou as pálpebras que aparentam estar abertas e fechadas simultaneamente. As suas especificidades eram tantas que alguns arqueólogos duvidaram da sua autenticidade.
Hoje sabemos que estas máscaras antecipam em pelo menos três séculos a época em que Agamémnon supostamente reinou. Alguns historiadores especulam que os corpos encontrados possam pertencer a membros de uma dinastia anterior, identificada nos escritos de Homero como os Perséides. De acordo com a mitologia grega, Micenas teve neste período um reinado partilhado por dois monarcas, o que explicaria os túmulos duais.
LAC
"With great joy I announce to Your Majesty that I have discovered the tombs which the tradition proclaimed by Pausanias indicates to be the graves of Agamemnon, Cassandra, Eurymedon and their companions, all slain at a banquet by Clytemnestra and her lover Aegisthos"
Ilustração do assassinato de Agamémnon retirada de Stories from the Greek Tragedians (1897), Alfred Church |
Das máscaras descobertas, a denominada "Máscara de Agamémnon" mereceu mais destaque devido às suas várias características únicas: o seu volume tridimensional, as orelhas salientes, a barba detalhada ou as pálpebras que aparentam estar abertas e fechadas simultaneamente. As suas especificidades eram tantas que alguns arqueólogos duvidaram da sua autenticidade.
Outras máscaras recolhidas por Schliemann em Mícenas
LAC
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