A Sala dos Reis foi imbuída de uma atmosfera tardo-medieval para acolher mais de duas dezenas de retratos de monarcas portugueses |
NOTA SOBRE O PALÁCIO DA REGALEIRA
Em 1892 os domínios da Viscondessa da Regaleira são adquiridos por António Augusto Carvalho Monteiro (1848-1920), um excêntrico milionário luso-brasileiro com fortuna em café e em pedras preciosas.
Nos últimos anos do século XIX este trava conhecimento com Luigi Manini (1848-1936), à época cenógrafo residente da Ópera de S. Carlos e encarregue pela construção do Palace Hotel do Buçaco.
Em 1898, Carvalho Monteiro apresenta-lhe o seu projecto para a reformulação e ampliação da Quinta da Regaleira, que Manini conduz ao longo da década seguinte, dando origem a um espaço singular de revivalismo neo-manuelino, simbolismo esotérico e referências a ordens iniciáticas.
Com a morte de Carvalho Monteiro em 1920, a propriedade é herdado pelo seu filho Pedro Augusto, que a vendeu a Waldemar d'Orey em 1946. A família d'Orey utiliza a quinta como residência e procede a algumas alterações decorativas, nomeadamente as levadas a cabo pelo arquitecto António Lino.
Em 1997, a Quinta da Regaleira é finalmente adquirida pelo Município de Sintra tornando-se no ano seguinte visitável pelo público. Desde então é iniciado um extenso programa de requalificação e restauração do espaço, que o converteu no que conhecemos hoje.
A SALA DOS REIS
Na antiga sala de bilhar do Palácio, Carvalho Monteiro exibe as suas convicções monárquicas e presta homenagem aos Reis e Rainhas de Portugal.
A Sala dos Reis reflecte a inspiração dos seus criadores numa sala do palácio que é possível avistar a partir da sua janela, a Sala dos Brasões do Palácio Nacional de Sintra.
A Sala dos Brasões: considerada por muitos a mais importante sala heráldica da Europa |
Tal como a Sala dos Brasões, a Sala dos Reis é simultaneamente um local de referência heráldica e um centro de representação do poder régio. Para além de 24 retratos da realeza portuguesa (20 reis e 4 rainhas), podemos encontrar no seu interior os escudos heráldicos das cidades de Porto, Braga, Coimbra e Lisboa.
O ambiente escolhido para acolher os Reis e Rainhas de Portugal é tardo-medieval com o seu tecto revestido em madeira repleta de adornos florais. Julga-se que Luigi Manini tenha buscado inspiração na Villa Mirabello, nos arredores de Milão.
A estrutura iconológica deste espaço está fortemente conotada com a tradição mítica templária portuguesa, estando representados os monarcas não apenas como Reis de Portugal, mas também como Grão-Mestres da Ordem de Cristo. Ignora-se a razão pela qual as representações terminam em D. João V, apesar da construção da Quinta ter sido concluída no derradeiro ano da monarquia.
Foi-nos possível recolher todos os retratos da colecção da Sala dos Reis, disponibilizados para o público no Arquivo Online da Câmara Municipal de Sintra, que aqui deixamos para usufruto do leitor:
Dinastia de Borgonha (1139-1383):
(da esquerda para a direita)
(clicar na imagem para aumentar)
- D. Afonso Henriques, o Conquistador
- D. Sancho I, o Povoador
- D. Afonso II, o Gordo
- D. Sancho II, o Capelo
- D. Afonso III, o Bolonhês
- D. Dinis, o Lavrador
- D. Afonso IV, o Bravo
- D. Pedro I, o Justiceiro
- D. Fernando, o Formoso
Dinastia de Avis (1385-1580)
- D. João I, o de Boa Memória
- D. Duarte, o Eloquente
- D. Afonso V, o Africano
- D. João II, o Príncipe Perfeito
- D. Manuel I, o Venturoso
- D. João III, o Piedoso
- D. Sebastião, o Desejado
Dinastia de Bragança (1640-1910):
- D. João IV, o Restaurador
- D. Afonso VI, o Vitorioso
- D. Pedro II, o Pacífico
- D. João V, o Magnânimo
- D. Isabel de Aragão ("A Rainha Santa")
- D. Inês de Castro
- D. Filipa de Lencastre
- D. Luísa de Gusmão
Fascinante!
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