quinta-feira, 6 de junho de 2019

ESPECIAL GUERRA FRIA: DÉTENTE


É denominado como Détente o período da Guerra Fria caracterizado pelo desanuviamento das tensões nas relações Estados Unidos-União Soviética, datado genericamente entre 1969 e 1979. Foi uma era de cooperação e trocas comerciais entre as duas super-potências, cuja maior evidência foram os tratados SALT para a limitação de armas estratégicas, que ocasionaram uma interrupção temporária da corrida ao armamento e redução da probabilidade de uma guerra nuclear. Esta conjuntura teria fim em 1979 com a invasão soviética do Afeganistão e novo escalar das tensões. 


Richard Nixon e Henry Kissinger, os arquitectos da Détente

Em finais da década de 1960 a União Soviética parecia perto de igualar o arsenal nuclear dos Estados Unidos. Em 1969 Richard Nixon é eleito presidente dos Estados Unidos com a promessa eleitoral de retirar as tropas americanas da Guerra do Vietname, um atoleiro que já tinha custado a vida a 30.000 americanos. Nixon esperava que uma melhoria das relações com a União Soviética e a China coloca-se pressão sobre o Vietname do Norte para uma resolução pacífica do conflito, que não pusesse em causa a honra militar americana.


Richard Nixon e o seu Conselheiro de Segurança Nacional Henry Kissinger rejeitavam a ideia de um Containment rígido e desejavam aumentar a fluidez do tabuleiro geopolítico da Guerra Fria. No dealbar da década de 1970 são dados passos no sentido de uma relação mais construtiva com a União Soviética entre os quais o mais significativo é a visita do presidente norte-americano a Moscovo. Num período de arrefecimento das relações sino-soviéticas, Nixon visitara a China alarmando Brezhnev para a necessidade de encontrar uma solução perante a possibilidade dos seus maiores rivais entrarem numa aliança contra ele.


Visita de Nixon à República Popular da China (1972)

A visita de Nixon a Moscovo converte-o no primeiro presidente americano a visitar território soviético após as conversações de paz da Segunda Guerra Mundial. Nixon e Brezhnev firmaram sete acordos destinados a evitar a confrontação militar: tratados de controlo de armamento (na senda do acordado nas conversações SALT), programas de cooperação em várias áreas como a exploração espacial e tratados comerciais.


Em Junho de 1973 foi a vez do secretário-geral do Partido Comunista soviético Leonid Brezhnev visitar os Estados Unidos. Apesar dos resultados práticos desta visita terem sido ténues, foi uma reafirmação da vontade política dos dois países de se entenderem.

Um terceiro encontro foi realizado em Junho de 1974 mas a sua efectividade foi posta em causa pela inviabilização do acordo SALT II pelo Congresso Americano e pelo rebentar do escândalo de Watergate que levaria à queda da administração Nixon.


Leonid Brezhnev e Richard Nixon (19-06-1973)

No teatro europeu o espírito da Détente manifestou-se na Ostpolitik do chanceler alemão social-democrata Willy Brandt. Esta atitude de abertura ao Bloco Soviético materializou-se no reconhecimento da República Democrática Alemã e na aceitação das fronteiras europeias do Pós-Segunda Guerra Mundial. Este plano envolveu visitas de reconciliação a estados inimigos durante a Segunda Grande Guerra, com as visitas de Brandt a Moscovo e a Varsóvia.


Após a demissão de Nixon este é sucedido por Gerald Ford cuja administração não pautou pela política externa. O presidente James Carter assumiu uma postura dual em relação à União Soviética: embora favorável aos acordos do SALT II, aumentou o orçamento de defesa e perseguiu uma agenda de direitos humanos que antagonizou os soviéticos. Com o advento da eleição de Ronald Reagan em 1980 a visão de Nixon e Kissinger de uma Détente chegava ao fim com o recrudescer de tensões decorrente do conflito afegão e nova corrida ao armamento.


LAC

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