segunda-feira, 25 de fevereiro de 2019

A CONQUISTA DE MALACA



"Conquista de Malaca" de Ernesto Condeixa (Museu Militar)


O império oriental português, administrativamente denominado como Estado da Índia, foi formado através do progressivo esforço diplomático e bélico dos seus governadores. Em 1505 cabe a Francisco de Almeida assumir o poder como primeiro vice-rei da Índia, estabelecendo diversas bases com vista ao domínio de rotas marítimas e comerciais, obedecendo a uma lógica estratégica puramente defensiva.

Será Afonso de Albuquerque, que sucede a Francisco de Almeida, quem terá o grande crédito de expandir territorialmente o Estado da Índia. Este nobre português, cognominado como "O Terríbil" por Luís de Camões, foi o arquitecto da fixação portuguesa no Oriente, conquistando as praças de Ormuz (1507), Goa (1510) e Malaca (1511) e deste modo tecendo uma rede de fortificações, feitorias e colónias que permitiu o controlo português do tráfego dos produtos das Índias Orientais.

As primeiras informações recolhidas por Vasco da Gama atestam a importância de Malaca, ponto estratégico vital para o domínio daqueles mares e terra de riquezas lendárias. A cidade assume uma posição central entre os oceanos Índico e Pacífico, mantendo relações comerciais com terras que iam desde o Mar Vermelho até ao Extremo Oriente. O rei D. Manuel confere prioridade à conquista da praça, sendo este o motivo da carta que envia a Francisco de Almeida em 1506, com instruções para empregar todos os meios para lá estabelecer um entreposto comercial, feito que será apenas alcançado por Albuquerque.

Desenho de Malaca da autoria de Gaspar Correia, presente nas Lendas da Índia (1546)

Com Goa submetida ao domínio português, Albuquerque parte em direcção ao Mar Vermelho para capturar a cidade de Adém, porém tal lhe é impossibilitado por condições marítimas adversas pelo que decide prosseguir em direcção a Malaca.
 Albuquerque parte com uma armada composta por 26 navios, aportando em Malaca no dia 1 de Julho de 1511.


Inicialmente os portugueses conduzem negociações com os representantes do rei Mafamede, conseguindo a libertação de cativos portugueses capturados aquando da expedição de Diogo Lopes de Sequeira. Entretanto, a cidade ia erguendo paliçadas e montando peças de artilharia, antevendo o iminente ataque português. Após três semanas de conversações estão exauridas as possibilidades de um acordo pacífico e chega a hora de agir com determinação e violência.

No dia 25 de Julho os soldados portugueses dirigem-se à nau de Afonso de Albuquerque, tendo sido daí que, após "recebida absolvição geral do vigário", partem para a investida contra Malaca. Após duas ofensivas à parte ocidental e oriental da cidade, as hostes portuguesas obtém a vitória contra um inimigo numericamente superior muito devido à sua artilharia naval avançada e à tenacidade do seu espírito guerreiro.

A conquista de Malaca representou um grande sucesso para as aspirações portuguesas no Oriente e foi celebrada em cortes um pouco por toda a Europa. O rei D. Manuel, tirando proveito da vitória, envia uma carta ao Papa Leão X, datada de 6 de Junho de 1513, enaltecendo o esforço português e as riquezas provenientes de Malaca. A cidade continuaria na posse de Portugal até 1641, sendo os 130 anos de presença portuguesa ainda hoje visíveis através de monumentos como a Porta de Santiago, vestígio remanescente da fortaleza A Famosa.



Fontes bibliográficas:

GARCIA, José Manuel; O Terrível: A Grande Biografia de Afonso de Albuquerque, o governador que dominou o Índico. A Esfera dos Livros (2017).


FAC

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