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"Conquista de Malaca" de Ernesto Condeixa (Museu Militar) |
O império oriental português, administrativamente denominado como Estado da Índia, foi formado através do progressivo esforço diplomático e bélico dos seus governadores. Em 1505 cabe a Francisco de Almeida assumir o poder como primeiro vice-rei da Índia, estabelecendo diversas bases com vista ao domínio de rotas marítimas e comerciais, obedecendo a uma lógica estratégica puramente defensiva.
Será Afonso de Albuquerque, que sucede a Francisco de Almeida, quem terá o grande crédito de expandir territorialmente o Estado da Índia. Este nobre português, cognominado como "O Terríbil" por Luís de Camões, foi o arquitecto da fixação portuguesa no Oriente, conquistando as praças de Ormuz (1507), Goa (1510) e Malaca (1511) e deste modo tecendo uma rede de fortificações, feitorias e colónias que permitiu o controlo português do tráfego dos produtos das Índias Orientais.
As primeiras informações recolhidas por Vasco da Gama atestam a importância de Malaca, ponto estratégico vital para o domínio daqueles mares e terra de riquezas lendárias. A cidade assume uma posição central entre os oceanos Índico e Pacífico, mantendo relações comerciais com terras que iam desde o Mar Vermelho até ao Extremo Oriente. O rei D. Manuel confere prioridade à conquista da praça, sendo este o motivo da carta que envia a Francisco de Almeida em 1506, com instruções para empregar todos os meios para lá estabelecer um entreposto comercial, feito que será apenas alcançado por Albuquerque.
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Desenho de Malaca da autoria de Gaspar Correia, presente nas Lendas da Índia (1546) |
Com Goa submetida ao domínio português, Albuquerque parte em direcção ao Mar Vermelho para capturar a cidade de Adém, porém tal lhe é impossibilitado por condições marítimas adversas pelo que decide prosseguir em direcção a Malaca. Albuquerque parte com uma armada composta por 26 navios, aportando em Malaca no dia 1 de Julho de 1511.
Inicialmente os portugueses conduzem negociações com os representantes do rei Mafamede, conseguindo a libertação de cativos portugueses capturados aquando da expedição de Diogo Lopes de Sequeira. Entretanto, a cidade ia erguendo paliçadas e montando peças de artilharia, antevendo o iminente ataque português. Após três semanas de conversações estão exauridas as possibilidades de um acordo pacífico e chega a hora de agir com determinação e violência.
No dia 25 de Julho os soldados portugueses dirigem-se à nau de Afonso de Albuquerque, tendo sido daí que, após "recebida absolvição geral do vigário", partem para a investida contra Malaca. Após duas ofensivas à parte ocidental e oriental da cidade, as hostes portuguesas obtém a vitória contra um inimigo numericamente superior muito devido à sua artilharia naval avançada e à tenacidade do seu espírito guerreiro.
A conquista de Malaca representou um grande sucesso para as aspirações portuguesas no Oriente e foi celebrada em cortes um pouco por toda a Europa. O rei D. Manuel, tirando proveito da vitória, envia uma carta ao Papa Leão X, datada de 6 de Junho de 1513, enaltecendo o esforço português e as riquezas provenientes de Malaca. A cidade continuaria na posse de Portugal até 1641, sendo os 130 anos de presença portuguesa ainda hoje visíveis através de monumentos como a Porta de Santiago, vestígio remanescente da fortaleza A Famosa.
Fontes bibliográficas:
GARCIA, José Manuel; O Terrível: A Grande Biografia de Afonso de Albuquerque, o governador que dominou o Índico. A Esfera dos Livros (2017).
FAC
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