segunda-feira, 16 de julho de 2018

DA REVOLUÇÃO À CONSOLIDAÇÃO DEMOCRÁTICA (1974-1976): PARTE III


















Discurso de Pinheiro de Azevedo no Terreiro do Paço (Novembro, 1975).

(continuação)

O VI Governo Provisório do Comandante Pinheiro de Azevedo procurou amenizar o fervor revolucionário e afastar o extremismo gonçalvista. O PS e o PPD retomam o poder executivo, porém os círculos extremistas de esquerda encaram o afastamento de Vasco Gonçalves como uma traição à alma da revolução.

No dia 10 de Novembro de 1975 precipita-se uma greve dos trabalhadores da construção civil que exigem negociar com o governo. Dois dias depois 100 mil operários efectuam um cerco ao Palácio de São Bento deixando os deputados e o governo reféns. Após 36 horas, Pinheiro de Azevedo é forçado a ceder às exigências dos operários. Sob o auspício de um guerra civil a Assembleia Constituinte discute a hipótese de transferir o parlamento para o Norte e subdividir o país em dois sectores.

A situação político-militar agudizava-se e o Conselho da Revolução destitui Otelo Saraiva de Carvalho do Comando da Região Militar de Lisboa substituindo-o por Vasco Lourenço. O confronto armado parece inevitável e na madrugada de 25 de Novembro de 1975, pára-quedistas da Base Escola ocupam as bases de Tancos, Monte Real, Montijo e o Comando da 1ª Região Aérea de Monsanto. O Presidente Costa Gomes declara o estado de sítio em Lisboa e os Comandos da Amadora capturam as posições dos revoltosos em Monsanto.

Dá-se a emergência do Coronel Ramalho Eanes como figura central das forças da ordem. Com o apoio dos Comandos aniquila o golpe militar à nascença e põe fim à situação descontrolada de conspirações militares. Estabiliza-se o PREC: a nação pode finalmente sarar as feridas e retomar a via da democratização.


Cartaz da campanha presidencial de Ramalho Eanes (1976).

É neste clima de provações que o povo português é uma vez mais chamado às urnas para eleger uma Assembleia Legislativa e um novo Presidente da República. As eleições de 1976 trouxeram a vitória do Partido Socialista, que obtém 36% dos votos com Mário Soares a ocupar o cargo de primeiro-ministro. Após breve intervalo vão decorrer as eleições presidenciais nas quais Ramalho Eanes apoiado por CDS, PPD e PS enfrenta Otelo Saraiva de Carvalho e Pinheiro de Azevedo.

A 27 de Junho de 1976, Ramalho Eanes vence as eleições presidenciais com 61% dos votos, com o estatuto de herói do 25 de Novembro a facilitar a sua ascensão ao poder. A Assembleia Constituinte redige a Constituição Portuguesa de Abril de 1976 que vai assinalar a conclusão do processo revolucionário iniciado dois anos antes.




Francisco Alexandre Caldas

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